Jogadores e técnicos não têm mais constrangimentos com possíveis punições no STJD
Publicado em 29/10/2016 por Agência Estado
O presidente da Associação Nacional de Árbitros de Futebol (Anaf), Marco Antônio Martins, revelou no programa Estadão Esporte Clube, da rádio Estadão, que incentiva membros da entidade, árbitros e bandeiras, 600 ao todo, a entrar com ação contra jogadores, técnicos e dirigentes na Justiça comum caso se sintam ofendidos com críticas após partidas em que trabalham. O processo seria uma forma de contra-ataque em relação às ofensas de beira de campo. A Anaf pode defender juízes e assistentes somente na esfera esportiva, no STJD, como fez nesta semana.
“Estamos incentivando nosso grupo de árbitros a entrar com representação na esfera comum. O árbitro não pode sofrer pressão. E todo mundo tenta explicar o mau resultado de uma partida, a não vaga para a Libertadores ou até o rebaixamento, pela má atuação do árbitro”, acusou Martins. “O jogador e o dirigente deveriam entender que o seu time não teve sucesso porque perdeu para o lanterna”.
Tem sido comum reclamação ostensiva contra a arbitragem na beira do gramado. Jogadores e técnicos não têm mais constrangimentos com possíveis punições no STJD. Foi isso o que ocorreu em relação ao árbitro mineiro Ricardo Marques Ribeiro, que apitou a vitória do Palmeiras sobre o Sport por 2 a 1, em São Paulo, no último domingo, na 32.ª rodada do Campeonato Brasileiro.
RECLAMAÇÕES AGRESSIVAS
Após o jogo, o meia Diego Souza não poupou a honra do árbitro. “Ele tem medo de errar para quem está lá em cima na tabela. Isso é vergonhoso”, disparou. Seu companheiro de time, Rithely, foi mais agressivo. “Nossa derrota foi por culpa da arbitragem. Tinha de ir para a delegacia. Roubou bonito”, condenou, referindo-se a um pênalti não marcado em mão do zagueiro colombiano Mina.
Marco Martins disse não entender os motivos que ainda levam a Comissão de Arbitragem da CBF, comandada pelo coronel Marcos Marinho, a fazer sorteio de árbitros. Na sua opinião, os melhores e mais bem preparados deveriam ser convocados para as principais partidas da rodada. “Os melhores árbitros têm de apitar os melhores jogos”, defendeu o dirigente – o Estatuto do Torcedor prevê o sorteio da arbitragem dos jogos.
CONCENTRAÇÃO
O presidente da Anaf não faz vistas grossas aos frequentes erros de árbitros e bandeiras, mas defende a condição estressante de seus associados. “Concordo (que há erros bisonhos), mas, dentro da estrutura milionária do futebol, o árbitro é o único que não tem registro profissional, que precisa de outro emprego. A profissionalização é o caminho, porque isso deixaria o árbitro mais concentrado, sem levar para o campo problemas comuns de sua vida”.
Martins alega também que é uma grande balela o fato de o árbitro dizer que tem outro emprego porque ele não consegue se manter em lugar nenhum tendo de sair três dias por semana para apitar. “A CBF manda a passagem na véspera do jogo e a volta para o dia seguinte. Então, ele depende desse único emprego, que é a arbitragem”, disse. Um juiz da Fifa recebe R$ 3.850,00 brutos por jogo, cerca de R$ 3.200 líquidos. De acordo com o presidente, poucos fazem quatro partidas por mês. “São 200 árbitros e 400 assistentes. Não há jogo para todos eles num mesmo mês”.
A Anaf defende uma associação independente da CBF ou o registro de carteira dos árbitros pela CBF. Alega que a entidade presidida por Del Nero não assume a responsabilidade em relação ao trio. Também não acredita em melhora com o árbitro de vídeo. Diz que é preciso parar de buscar os erros dos juízes.