Bráulio da Silva Machado, 39 anos, é o mais novo integrante do quadro de árbitros da Fifa. O catarinense, natural de Laguna, entra no lugar de Sandro Meira Ricci, que se aposentou após a Copa do Mundo. Bráulio já havia sido aprovado dois anos consecutivos nos testes para a entidade máxima do futebol, mas não entrou para o quadro. Em agosto, ele passou por um período de avaliação em Lima, no Peru, e na semana passada veio o comunicado oficial.
— Recebi a lista oficial dizendo que graças ao ano que realizei apitando, e aos testes que eu fiz, essa vaga do Brasil veio para Santa Catarina, e para um árbitro natural daqui. Sou o mais velho a entrar no quadro internacional. Desde sempre, falavam que a idade ia ser um empecilho, mas eu fui na contramão — comemora.
Professor de Educação Física, Bráulio entrou na arbitragem ainda no começo da graduação, depois do sonho “frustrado” de ser jogador de futebol. Nas primeiras vezes que apitou, ainda no clube social onde era estagiário, começou a chamar a atenção. O incentivo virou interesse e ele buscou a escola de arbitragem em 2009. No ano seguinte, entrou na federação. Em 2011, estreou na elite do Campeonato Catarinense.
Daquele início até chegar ao quadro internacional de arbitragem, Bráulio lembra com carinho do primeiro jogo na Série A do Brasileiro em 2014, na vitória do Criciúma por 1 a 0 sobre o Figueirense. Virou aspirante Fifa no ano seguinte. No próximo janeiro, parte para o primeiro treinamento oficial no Paraguai. Na sede da Conmebol, juízes e assistentes terão quatro dias de preparação para as competições de 2019.
— Pessoalmente, significa a concretização de um sonho, de uma busca incessante de querer muito, mesmo contra tudo e todos. Consegui realizar com apoio da minha família. Agora muda a intensidade, aumentam as competições, agora posso apitar qualquer competição a nível mundial, partindo das competições sul-americanas — avalia.
O catarinense, que passa a figurar na escala de arbitragem de competições como Libertadores da América, Copa Sul-Americana, Copa América e nos mundiais de categorias de base, tem agora um novo objetivo. Na tão sonhada Copa do Mundo, se não deu para chegar pelo talento com os pés, que seja com o apito na mão.
— Saímos do zero novamente porque é um espaço novo a ser conquistado. Da mesma maneira que saí de uma liga, de um clube, até chegar ao nível internacional, quero buscar todo esse espaço novo para Santa Catarina fazer história — projeta.
Segundo catarinense na Fifa
Depois do precursor Dalmo Bozzano, que apitou entre as décadas de 1970 e 1990, Bráulio é o segundo catarinense a figurar no quadro Fifa. Antes de completar 10 anos de arbitragem, já tem participado de momentos históricos do futebol catarinense. Foi ele quem apitou a final do Estadual deste ano, entre Chapecoense e Figueirense, o primeiro com o auxílio do VAR.
Segundo Bráulio, o árbitro tem uma média de 92% de acerto por partida. Com o auxílio do vídeo, o número chega a 98%. Na análise que recebeu neste ano da CBF, ele teve uma média de 97% de acertos, motivo de orgulho pessoal e de buscar ainda mais aperfeiçoamento.
— A menor porcentagem são equívocos, nem sempre grandes decisões, mas por vezes ocorre um pênalti, um gol, que geram polêmica. Com o VAR sobe para 98% o nível de acerto. Isso mostra que nem com a tecnologia seremos perfeitos, embora busquemos a perfeição — conclui.
Fonte: NSCTOTAL