Em pré-temporada, arbitragem catarinense procurará afinar o critério para lances polêmicos

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Enquanto o uso da tecnologia não é aprovado de vez no futebol, a arbitragem se vira no sentido de minimizar os erros humanos. E isso se faz com treinamento físico e técnico. Dividida entre estes dois tipos de avaliações, começa nesta quinta-feira a pré-temporada dos árbitros e assistentes do Campeonato Catarinense, que reunirá cerca de 50 profissionais até domingo em Treze Tílias, no Meio-Oeste.

Tradicional nos últimos anos, a preparação terá dois enfoques principais para evitar polêmicas durante a competição: uniformizar o critério para marcações em lances polêmicos e blindar a equipe de arbitragem contra interferência externa nas decisões.

– O maior problema que encontramos ainda na arbitragem é o critério. Então, só com trabalho, treinando, com vídeos e discussões em aulas teóricas e práticas se consegue a homogeneidade. É a procura de uma padrão, de um critério. Para chegar à excelência na arbitragem, vamos tentar minimizar o quanto for possível os equívocos dos árbitros – explica Vayran da Silva Rosa, instrutor de arbitragem da CBF e da Federação Catarinense de Futebol (FCF).

O grupo que se reunirá nos próximos dias em Treze Tílias foi aprovado em testes físicos e teóricos no fim de semana passado, em Itajaí (confira os  convocado pela FCF no final da matéria). Foi a primeira parte de uma preparação que ganha força a partir de hoje. Dos principais nomes aprovados, Héber Roberto Lopes e Sandro Meira Ricci foram procurados pela reportagem, mas preferiram não comentar a pré-temporada. O primeiro estava em viagem e o segundo alegou motivos pessoais, que o afastarão da preparação, mas não do Estadual.

O debate fundamental pelo qual eles passarão terá a intenção de chegar a um denominador sobre lances capitais, como o que é ou não toque de mão intencional na bola, agarra-agarra dentro da área, a regra do impedimento e a punição com cartão amarelo por simulação e reclamação.

– Sobre o “bola na mão/mão na bola” vamos passar e repassar aos mais jovens todas as orientações que a CBF nos dá. Vamos tentar uniformizar a questão, se houve bloqueio ou não para se marcar pênalti, questão de movimento natural e antinatural, distância entre jogadores, velocidade da bola, todos os critérios. Vamos incutir na cabeça das pessoas para que consigam tomar a melhor decisão possível em pouco tempo – afirma o assistente Carlos Berkenbrock, um dos mais experientes nomes da arbitragem catarinense.

Berkenbrock ainda ressalta que é importante reforçar a “cruzada pelo respeito”, que considera ter dado certo durante o Campeonato Brasileiro. Na prática, é só seguir a orientação de punir quem tentar enganar a arbitragem.

– Os jogadores passaram a respeitar mais. Dá aceleração à partida, porque o jogador cai, levanta e segue o jogo agora. Antes, todos reclamavam e se perdia muito tempo. Devemos continuar com a aplicação disso – completa.

Proibição de contato externo será reforçada

Além da discussão para afinar as decisões dos árbitros no Estadual, a comissão de arbitragem espera reforçar uma determinação que já existia: ninguém da equipe de arbitragem pode ter contato externo, via telefone celular ou por qualquer equipamento, desde uma hora antes de cada partida até o final.

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Ninguém considera que isso ocorra antes que se libere o uso da tecnologia, mas muito se falou durante o Brasileirão, em função de uma série de decisões que foram revertidas minutos depois.

– É importante isso. A gente reforça agora na pré-temporada e sairá um documento interno para que, tanto árbitros, delegados e assessores tenham a atitude que se espera: ter o máximo de observação, e sem contato externo. Essa determinação é uma das nossas preocupações, mas não é nenhuma novidade – argumenta o instrutor Vayran da Silva Rosa.

À espera da tecnologia no futebol

Tudo se encaminha para que o Brasil será um dos primeiros países que começarão a usar a tecnologia para ajudar a arbitragem a tomar decisões importantes. Segundo o instrutor da CBF e da FCF, Vayran da Silva Rosa, a medida tem chances de ser aceita para o Campeonato Brasileiro deste ano. E há um pleito entre árbitros que preferem amenizar um pouco a pressão.

– A polêmica, enquanto não tiver ajuda eletrônica, vai continuar, porque os árbitros, por mais que se dediquem, um erro ou outro sempre acontece. É impossível competir com 10 ou 12 câmeras. Torço pela arbitragem, então, para melhorá-la. Se a tecnologia der certo, será muito bem-vinda – afirma Vayran.

Um dos principais nomes da arbitragem catarinense, Bráulio da Silva Machado, aspirante ao quadro da Fifa, vai na mesma linha:

– Vejo com bons olhos. (A tecnologia) Vem para ajudar no nosso trabalho. Acredito que vai perder um pouco da polêmica. Se bem que tem que ser visto como vai ser utilizada, e em quais situações. Há algumas decisões, por exemplo, de usar para saber se foi ou não gol, em impedimentos polêmicos, pênaltis duvidosos e expulsões.

Vayran da Silva Rosa explica que, de fato, ainda é preciso definir de que forma os recursos técnicos serão introduzidos no futebol. Um ponto, por exemplo, é que as imagens a serem usadas para tirar as dúvidas seriam geradas pela entidade organizadora de cada competição, e não da TV. É esperar para ver.

O FOCO DO DEBATE

Entenda quais serão as prioridades da pré-temporada da arbitragem catarinense. A intenção é unificar o critério de decisões sobre lances polêmicos. Entenda os principais em pauta:

– Marcação ou não de infração por mão na bola/bola na mão

– Empurra-empurra dentro da área em escanteios e cobranças de falta

– Punição por cartão amarelo a quem simular falta ou reclamar deliberadamente

– Regra do impedimento

A EQUIPE DE ARBITRAGEM

Confira quem são os responsáveis pelo apito nos jogos do Catarinense. Nenhum deles tem permissão para ter contato telefônico desde uma hora antes da partida. Apenas podem se falar entre eles mesmos por radiocomunicadores.

– Árbitro e dois assistentes: Responsáveis pela condução do jogo e aplicação das regras

– Quarto árbitro: Auxilia os colegas e é o substituto imediato de algum deles se for necessário. Eventualmente, pode ser escalado mais um quarto árbitro, em jogos mais importantes

– Delegado: É indicado pela federação e se encarrega de questões burocráticas, como súmula, documentação de atletas e presença de ambulância no estádio

– Delegado especial: Só deve ser chamado para jogos decisivos no Catarinense. É encarregado da parte técnica. Se encarrega de orientar a equipe sobre como proceder durante a partida e minimizar erros

– Assessor: Instrutores que ficam fora do campo, geralmente em camarote, para analisar o desempenho da equipe

Fonte: DIÁRIO CATARINENSE – Fotos: Marcelo Negreiros / FCF,Divulgação

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